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24 de dezembro de 2025

Aproximadamente 5 minutos

ISO 13485:2016 na prática: guia do SGQ para dispositivos médicos

ISO 13485:2016 na prática: guia do SGQ para dispositivos médicos

O que é a ISO 13485 (e por que ela importa)

A ISO 13485 é a norma internacional mais usada para sistemas de gestão da qualidade (SGQ) voltados à indústria de dispositivos médicos. Ela define expectativas para documentar, controlar e melhorar continuamente processos que impactam segurança, desempenho e conformidade regulatória.

Um erro comum é tratar o SGQ como um conjunto de documentos “para auditoria”. Na prática, o SGQ funciona melhor quando é o sistema operacional do negócio: transforma necessidades de pacientes e usuários em produtos seguros, gera evidências objetivas de que isso ocorreu e aprende com dados ao longo do ciclo de vida.

Um tema central: SGQ baseado em risco

A ISO 13485:2016 enfatiza formalmente a abordagem baseada em risco. Em termos práticos, significa ajustar controles, revisões, verificações, auditorias e supervisão de fornecedores conforme o impacto na qualidade do produto e no risco ao paciente.

O que a ISO 13485 exige na prática

1) Documentação e evidência objetiva

Documentos descrevem “como fazer” (procedimentos e instruções), enquanto registros provam “que foi feito” (evidência objetiva). Um bom gerenciamento documental inclui aprovação antes do uso, controle de mudanças e disponibilidade da versão vigente no ponto de uso.

2) Arquivos e controles essenciais

Manual da Qualidade: no mínimo, deve:

  • Descrever o escopo do SGQ (incluindo exclusões/não aplicabilidades justificadas)
  • Listar ou referenciar procedimentos do SGQ
  • Descrever as interações entre processos
  • Explicar a estrutura da documentação do SGQ

Arquivo do dispositivo médico (por dispositivo ou família): costuma incluir:

  • Descrição do produto e uso pretendido/indicações
  • Rotulagem e instruções de uso
  • Especificações do produto
  • Especificações/procedimentos de fabricação, inspeção, rotulagem, embalagem, armazenamento, manuseio e distribuição
  • Especificações de medição e monitoramento
  • Instalação e assistência técnica (quando aplicável)

Controle de documentos e registros: garantir aprovação, rastreabilidade de revisões e retenção adequada de registros.

3) Responsabilidade da direção

A norma reforça que a liderança precisa definir o tom da qualidade. Na prática, isso envolve:

  • Objetivos de qualidade claros e comunicados
  • Recursos (pessoas, ferramentas e treinamento)
  • Revisões gerenciais orientadas por dados
  • Cultura de qualidade como parte do dia a dia, não um “projeto do QA”

4) Gestão de recursos

Inclui competência/treinamento, infraestrutura e ambiente de trabalho, para execução consistente dos processos.

5) Realização do produto: da necessidade do usuário ao produto liberado

Um ponto recorrente é começar com requisitos bem definidos do usuário/cliente. Requisitos fracos tendem a gerar retrabalho caro e atrasos.

Processos de projeto e desenvolvimento normalmente incluem:

  • Planejamento
  • Entradas (requisitos)
  • Saídas (desenhos, especificações, instruções de fabricação/inspeção, software, etc.)
  • Revisões
  • Verificação
  • Validação
  • Transferência
  • Controle de mudanças
  • Arquivos de projeto e desenvolvimento

A gestão de riscos deve acompanhar todo o ciclo de vida, incluindo informações pós-produção.

6) Compras e fornecedores (baseado em risco)

A ISO 13485 espera que compras assegurem conformidade com especificações. Avaliação, seleção e monitoramento de fornecedores devem ser baseados em risco, considerando, por exemplo:

  • Capacidade de atender requisitos
  • Desempenho contínuo
  • Impacto na qualidade do produto
  • Impacto no risco do produto
  • Criticidade do item para o dispositivo

Defina critérios de aceitação, mantenha acordos com fornecedores e verifique recebimento de acordo com criticidade e histórico de desempenho.

7) Produção e provisão de serviço

Controles de produção, de caráter baseado em risco, devem assegurar que o produto atenda às especificações e que existam registros de produção com rastreabilidade adequada (serial, lote ou batelada conforme o caso).

Se houver software usado em produção/instalação/assistência, ele deve ser validado antes do primeiro uso, com profundidade compatível com o risco.

8) Medição, análise e melhoria

A norma depende de medir contra especificações, analisar tendências e agir. Uma estrutura prática costuma incluir:

  • Feedback do cliente (proativo) e tratamento de reclamações (reativo)
  • Auditorias internas (com frequência baseada em risco)
  • Controle de produto não conforme (disposição baseada em risco)
  • CAPA para problemas sistêmicos e recorrentes

A definição de reclamação é ampla e os registros de reclamação devem conter identificação do produto, detalhes e datas do evento, investigação e ações tomadas, entre outros elementos.

Roteiro prático de implementação

  1. Defina escopo e produtos: famílias de dispositivos, sites, terceirizações e mercados-alvo.
  2. Mapeie processos: necessidades → projeto → compras → produção → pós-mercado.
  3. Estruture a documentação: manual, procedimentos, instruções, formulários e registros.
  4. Implemente o essencial primeiro: controle documental, controles de projeto, integração com gestão de riscos, fornecedores, produção, CAPA e reclamações.
  5. Treine por competência: papéis claros e execução consistente.
  6. Coloque o sistema para rodar: gere registros, acompanhe KPIs e conduza revisões gerenciais.
  7. Audite internamente e feche lacunas: antes de auditorias externas.
  8. Use qualidade como vantagem: um SGQ coerente acelera aprendizado, melhora rastreabilidade e torna a conformidade um resultado natural.

Conclusão

A ISO 13485 entrega mais valor quando implementada como um sistema integrado: documentação que habilita o trabalho, registros como evidência, liderança ativa e ciclos de feedback que sustentam melhoria contínua—sempre com foco em segurança e nos pacientes.

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